quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Eu queria uma máquina do tempo

Eu queria uma máquina do tempo que me fizesse voltar ao dia em que escolhemos o banco em que iríamos realizar o financiamento, sabendo que a primeira pergunta que eu deveria fazer aos outros bancos não era o valor da taxa, mas se eles tinham parceria com a mesma assessoria de crédito imobiliário da construtora.

Eu queria uma máquina do tempo que me fizesse retornar ao momento em que escolhemos o nosso apartamento, e assim não fechar negócio.

Eu queria voltar no tempo no momento em que resolvi trocar de carro, e naquele momento não comprar uma bala sequer, e economizar tudo para comprar a minha casa ou apartamento à vista.

Mas não existe uma máquina do tempo, apenas a dor que faz com que eu chore convulsivamente enquanto escrevo estas palavras. No momento nada pode aliviar a frustração que eu sinto por ver todo o nosso processo de compra do que deveria ser o nosso primeiro lar se transformar em um recordista de erros.

Casar e não poder dividir o mesmo teto com a pessoa escolhida, ter um imóvel em seu nome e não saber onde vai morar no mês de fevereiro. Estar numa corrida contra o tempo e vendo todas as suas chances diminuírem mês a mês.

E eu que resolvi iniciar 2011 tendo mais fé nas pessoas, chego nos seus dias finais não tendo mais fé nem em mim mesma.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Talheres e Time

Praça de alimentação do Shopping Iguatemi. Aproveitei que estava de férias para realizar as compras de natal, o que nos possibilitou almoçar um pouco mais cedo do que a grande maioria.

Enquanto aguardávamos os nossos pedidos, um casal de idosos sentou-se à mesa ao lado. Ambos com o cabelo pintado. Ele de camisa, casaco, calça social e sapato. Ela de vestido e com jóias. Muito bonitos e arrumados.

Mas o que nos deixou literalmente de boca aberta foi o momento em que ele resolveu retirar a bandeja usada que se encontrava na mesa escolhida. O fato de coloca-la em outra mesa não causou estranhamento, mas sim de pegar os talheres que estavam na mesma e colocar na sacola de supermercado que eles carregavam.

Um pequeno furto, já que o cargo e faca não devem custar dois reais se vendidos de forma avulsa, mas o ato em si foi muito chocante. Fiquei pensando o que faz as pessoas se exporem assim. E se um segurança visse? Eles não se importam com a possibilidade de alguém da limpeza ser acusado pelo sumiço dos talheres de um restaurante? Ou o sentimento de impunidade é tão forte que tanto faz tanto fez?

Isso me fez refletir que quase todos são corruptíveis quando estão em uma situação que a oportunidade aparece. Qual a diferença entre um político que desvia o dinheiro da saúde para benefícios pessoais e o casal de velhinhos que roubou um par de talheres com cabo azul? Nenhuma. Ambos furtaram sem acreditar em nenhuma forma de punição.

Neste momento senti um desanimo, pois como acreditar em um país mais justo quando as pessoas são desonestas nas pequenas coisas, jogam lixo na rua, fazem mais protesto por um cachorro abandonado do que por uma criança largada dentro de um saco de lixo?

Então a revista Time elege como personalidade do ano os protestantes. E fiquei pensando se esses poucos que se reúnem podem fazer a diferença? Será que nos quatro cantos do mundo existe esperança de se fazer algo melhor? Espero sinceramente que sim.