quinta-feira, 28 de abril de 2011

Sonhos reais

Após terminar a leitura de A Chinela Turca, me lembrei de um sonho que tive no último domingo. Feriado de quatro dias, alarme desligado, sono manhã adentro, e de repente estou caminhando pelas ruas de Porto Alegre atrás de eventos literários. Ao passar por lojas fechadas, onde as vitrines estavam escondidas por cortinas de ferro, minha mãe olha pra mim e diz “Pena que hoje é domingo e o feriado já está acabando”.
Imediatamente abro os olhos, caindo da cama e procurando o celular desesperadamente para descobrir o quanto estava atrasada para o trabalho. É quando me dou conta que naquela manhã ainda era domingo.
Não foram raros os sonhos que me fizeram chorar, sentir calor, frio e até medo. Já assisti filmes que só existem na minha cabeça e tive conversas inesquecíveis com pessoas que nunca conheci. Em alguns poucos casos extremos, cheguei a tomar uma decisão com base no meu inconsciente, mas ainda não os levei suficientemente a sério para pagar alguém que os interprete.
Desconheço se o fato é verídico, mas dizem que se impedirem alguém de sonhar, a pessoa morre aos poucos. É algo meio duvidoso, já que não se sabe se é o fato de não sonhar ou o de interromper tantas vezes o sono a verdadeira causa da morte.
Em todo caso, se aparecerem mais de três banheiros no mesmo sono, não duvide do sinal, abra olhos e levante-se já, ou o cenário irá mudar para o rio mais próximo.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Janjão nos dias de hoje

Na coletânea Papéis Avulsos de Machado de Assis tem um diálogo entre pai e filho, onde o primeiro comenta que Janjão, agora com vinte e um anos, deve seguir um ofício e este pergunta humildemente sobre o que fazer. O pai responde que este deve ser um medalhão e ai se segue uma brincadeira quando a postura da sociedade, tratamentos, forma de crescer e ironia, fazendo referencia a pessoas como Voltaire e concluindo com uma comparação do diálogo ao Príncipe de Machiavelli.
Fiquei pensando se Janjão fosse reescrito para a realidade atual. Primeiro que com vinte e um anos ele já deveria estar cursando alguma faculdade, visto que a cada dia nossos jovens são obrigados a decidir mais cedo o que querem ser quando crescer.
Provavelmente Janjão não estaria festejando ao lado do pai, a menos que fosse muito tímido. Ele estaria enchendo a cara em algum lugar ao som de um sertanejo universitário, cantando as meninas e nem se preocupando que depois iria voltar para casa dirigindo.
Dificilmente ele perguntaria ao pai que ofício seguir ou escutaria as suas palavras, afinal, ele já sabe tudo, qualquer coisa é só colocar no Google.
Se a política na vida do brasileiro não mudou, a falta de limites entre crianças e adolescentes está cada vez pior. Não existe nada mais insuportável do que ver uma criança se atirar no chão de uma loja aos berros para convencer os pais a comprarem determinado objeto. E como é triste ler uma reportagem sobre a agressão de um professor em uma aluna e ficar questionando se aquilo é mentira ou verdade.
Naturalmente não apoio o domínio totalitário, onde a criança é feita de capacho com a justificativa que os mais velhos sempre estão com a razão. Mas é aquela história, nem oito nem oitenta, senão os jovens tiranos de hoje serão os adultos perdidos de amanhã, e sem metade do respeito demonstrado por Janjão pelo seu pai.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Relendo o Alienista

Para participar da reunião do clube de leitura, iniciei a leitura de Papéis Avulsos de Machado de Assis. O livro trás uma coletânea de histórias, sendo que a primeira é o Alienista, ao qual eu havia lido no frescor dos meus dezesseis anos.
Posso dizer que Simão Bacamarte e sua busca incessante pela loucura continuam me atraindo (e divertindo), a diferença agora é a visão de mundo, pois cada vez mais verifico que passa ano, década, séculos e o país continua o mesmo, e a realidade do personagem consegue ainda ser melhor do que a nossa.
O personagem Simão ilude o povo, internando em um primeiro momento os que apresentam alguma patologia (sobrando até para os que cometem os sete pecados capitais), depois começa a considerar loucos os que não apresentam nenhuma distorção (o homem que encontrou os 74 mil reais recentemente em um ônibus e devolveu para o seu dono seria imediatamente internado), até concluir que a pessoa ideal para o objeto dos seus estudos era ele mesmo. Mas até a sua internação, não havia quem realmente o confrontasse, dando a ele o poder de definir o direito de ir e vir de cada um dos cidadãos da pequena localidade.
Hoje vivemos uma realidade paralela, em que políticos aparecem na TV e dizem que tudo está indo muito bem. O povo tem mais dinheiro, poder de compra e a classe média está cada vez maior. Mas ao colocar o nariz para fora do portão a primeira coisa é tentar andar nas ruas, pois temos um povo endividado em parcelas ao opta em pagar por um carro popular o valor de um carro médio por que o transporte público é de pior qualidade. O para e anda transforma percursos de minutos em horas e consome a gasolina de um mês em poucos dias.
Também tem a questão das mobilizações. A gasolina está alta? Uma criança foi abandonada? O sistema de saúde não consegue atender a todos? Isso não é problema, todos continuam sentadinhos em suas cadeiras. Mas se algum animal é perdido ou morto, ondas de protesto chegam aos jornais. Se o time de futebol não segue no campeonato, torcedores se colocam a frente de portões e reivindicam aos berros o direito de serem campeões.
Com isso nós também estamos presos em casas verdes, aguardando a permissão do outro para ir e vir, mas no lugar de estarmos aglomerados no mesmo prédio, dividimos as mesmas grades, falta de vontade e o pouco espaço. Creio que se Simão Bacamarte fosse transportados para os dias atuais, não demoraria tanto tempo para chegar as suas conclusões.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

E o coelhinho levou a luz

No feriadão de páscoa, o Rio Grande do Sul foi presenteado por fortes temporais. Eu tive sorte de na minha casa o máximo do transtorno foi ver o portão eletrônico ir para o espaço e ter que esperar o coelho sem um banho descente, já que no sábado a luz foi embora e só retornou no meio da manhã de domingo (o que gerou uma oração extra para que os alimentos que estavam na geladeira não estragassem).


Só que o mais surpreendente foi ouvir sobre as mortes na capital e região metropolitana. Pois já estou acostumada há ouvir falar que as ruas estão bloqueadas pelo excesso de água (metade culpa dos governantes, metade culpa do povo que é porco e insiste em jogar lixo no chão), mas mortes? Não.


A pergunta que ficou martelando na minha cabeça é: será que não estamos exigindo demais do planeta em que vivemos e agora ele vai ter que eliminar o excesso para se livrar do próprio fim?


Como isso não vai ser respondido, só me resta acompanhar o casamento real e torcer para a configuração do meu blog voltar ao normal (já que desconheço a causa dele ter ficado todo torto).

terça-feira, 19 de abril de 2011

Os maiores inimigos da dieta

No ano passado iniciei uma reeducação alimentar que me permitiu eliminar 13 quilos, o que me deixou magra, mas sem exagero. Mas mãe é mãe, quando você está mais pesada é gorda, quando está magra é seca. No caso do meu namorado, acha que como estou magra, posso comer de tudo.

Resultado: no último mês engordei dois quilos e agora, depois de orgias gastronômicas, é difícil retomar a alimentação correta. E só me dei conta da armadilha que estava caindo quando assisti o quadro do Fantástico em que o Zeca Camargo e a Renata tem 90 dias para emagrecer.

Senti o mesmo mau humor e cansaço relatados quando iniciei a minha reeducação, mas noto que agora, ao ceder novamente as tentações, parece ser ainda mais difícil retomar a ordem, pois quando se está bem fisicamente, dizer que não come isso ou aquilo muitas vezes te dá atestado de anoréxica.

O fato de ver o ponteiro da balança subir novamente provoca uma fome ansiosa, e aquele iogurte é substituído por um pedaço de bolo. O difícil jogo do time de futebol do coração desperta o desejo voraz por pastéis. A falta de convicção nas decisões faz o olhar mirar as bolachas recheadas.

Creio que neste um ano e quatro meses, nunca foi tão difícil recolocar o trem nos trilhos. Nunca havia quebrado tantas vezes a minhas convicções e substituídos pratos lights por coisas que pesam no meu estomago a tarde inteira.

Mas as vésperas do feriado de páscoa, creio ser difícil colocar a vida nos eixos. Então a palavra de ordem é tentar reduzir a tentação ao máximo e começar tudo de novo no próximo dia 25, por que dieta que não começa na segunda não é dieta.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Clube de Leitura em Porto Alegre

Ontem, via twitter, recebi a agradável notícia de que teremos um clube de leitura em Porto Alegre.

Para quem se interessa, ai vai um resumo do que se trata fornecido pela Janine:

O Clube de leitura é um espaço dedicado às pessoas que gostam de literatura. Nossos encontros acontecem uma vez por mês durante uma hora, e a idéia é de um bate papo sobre o livro, com mediação das livrarias e apoio da Companhia das Letras. Nos clubes temos um ambiente descontraído entre pessoas das mais diversas faixas etárias e perfis. Além de possibilitar a formação de leitores, este é um espaço importante de socialização. As leituras serão sugeridas pelo mediador e escolhidas pelo grupo, a idéia é intercalar a leitura de um clássico com um contemporâneo, e assim sucessivamente. Seguem as informações sobre o primeiro encontro em Porto Alegre:

PORTO ALEGRE
Clube de Leitura Penguin-Companhia/Livraria Cultura
Sábado, 14 de maio
LIVRO: Papéis Avulsos, de Machado de Assis. Penguin-Companhia
HORÁRIO: 16h às 17h LOCAL: Livraria Cultura do Shopping Bourbon Country

Maiores informações no e-mail: clubedeleitura@penguincompanhia.com.br

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Bom dia

Quando olhei pela janela hoje pela manhã, o céu estava dividido, de um lado nuvens escuras, no outro um céu vermelho, digno de uma foto. Mas nem a chuva torrencial que se seguiu, nem a minha andada obrigatória por Porto Alegre para uma consulta médica conseguiram perturbar o meu humor.

Sei que nem sempre é fácil, vivemos de cobranças em meio a tensões. Sempre correndo para atender alguém, e sempre esperando que alguém nos atenda. O mundo nem sempre nos parece justo, e a blasfêmia muitas vezes aparece no cotidiano.

Tem uma música do Pato Fu que no refrão fala que as vitórias são esquecidas e as derrotas ficam sempre marcadas. O que me faz pensar se não é este o segredo de se viver bem... comemorar todas as pequenas vitórias, como se elas fossem os grandes troféus e para as derrotas apenas se anotar as lições aprendidas e esquece-las junto com a refeição feita na semana passada.

É claro que nem tudo é possível de esquecer, acho que nenhum ser humano consegue anular totalmente uma grande mágoa, mas estamos cada vez mais egoístas e individualistas. Não sorrimos, não damos bom dia e sempre culpamos os outros pelos nossos erros. Por que não seguir a grande máxima de fazer exatamente ao outro o que gostaria que fizessem por ti?

Então apesar da chuva lá fora, dos meus pés encharcados, vou continuar achando que hoje é um bom dia, pois tive a sorte de ver um céu lindo logo após abrir os meus olhos.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Lembrados e Esquecidos

Hoje pedi uma massa que quando recebi era molho com massa, como consequência, às três horas da tarde meu estomago já estava reclamando com toda força. Enquanto esperava impacientemente pela hora do meu lanche, me dei conta que a saudade pode ser como a fome, quando algo faz falta, a mente fica dispersa e até o corpo sente.

No Pretinho Básico (programa de humor da rádio Atlântida), um ouvinte mandou um e-mail solicitando contato com o pai, pois havia se emocionado ao ouvir o relato de um dos integrantes sobre a falta que o pai falecido fazia, e o ouvinte, que havia brigado e perdido o contato com o seu, queria um reencontro.

Nisso me surgiu uma pergunta: quantos de nós fazemos a diferença na vida de outras pessoas? Como aquele amigo de infância que brincava com a gente no recreio e dividia as bolachas de caretinhas, mas que o tempo colocou uma distância e nunca mais se viu, mas ao encontrar uma foto não se evita um sorriso? Tem algumas pessoas que nos fazem tanto mal, que preferimos esquece-las. E sua partida chega a ser um alivio em nossa mente. Sua voz e sua face vão se apagando, ao ponto que se cruzar com ela na rua, não vai mais saber quem é.

Creio que a amizade e o sorriso, a divisão de bons momentos, são itens que nos tornam eternos na lembrança daqueles com que dividimos pequenos momentos, e nem um rompimento brusco consegue apagar. Em compensação, a mentira, o desrespeito e a desonestidade podem nos enterrar antes da morte física.

Hoje um rapaz entrou em uma escola no Rio de Janeiro e matou diversas crianças. Estão todos falando nisso. Só que como não sorrimos nem dividimos nada com eles, em um mês já teremos esquecidos, só sendo relembrados quando outro monstro aparecer e reproduzir a cena. Isso me faz pensar que precisamos reeducar a mente, para que se mantenha o coração aquecido pelas boas lembranças e a mente alerta para não permitir a repetição de ações tão grotescas.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Um monstro chamado Ansiedade

Nas últimas semanas tenho me lembrado do livro “Confissões de Adolescente”. Tinha uma parte no livro que falava sobre um monstro que pulsa dentro da gente, que rosna, pula e grita. A impressão que eu tenho é que agora, já balzaquiana, eventualmente esse monstro me faz uma visita.

Hoje eu o chamaria de Ansiedade, ele é tão forte que faz o meu estomago doer. Outras vezes, ele sabota a minha dieta, compulsivo por doces e massas. Ele também me deixa dormente, sem vontade de ir a academia. O problema é quando ele encontra a Dona TPM e se torna violento, abrindo a minha boca para falar mais rápido do que a mente pode avaliar.

Mas eu sei a razão dele estar aqui. Sou o que chamam de adolescente tardia, que ainda vive com a mamãe e apesar de ter muitas responsabilidades profissionais, ainda se sente segura ao receber um colo e um cafuné. Só que 2011 é um ano de mudanças, profundas e definitivas, o que me fez descobrir que amadurecer também dói.

Em menos de oito meses estarei enfrentando um outro tipo de realidade, algumas cobranças e outros desafios. Pois ser realmente dono do próprio nariz implica em abandonar o ninho, cortar o cordão umbilical. O fato de ter demorado tanto faz as minhas pernas tremerem, e medos absurdos me assolam eventualmente tarde da noite.

Como alimento para esse monstro está o stress de ter comprado um apartamento na planta e o mesmo estar atrasado e ver que todos os itens necessários para realizar um casamento são um abuso de caro. Parecem sinais para não sair de casa.

Mas como a minha mãe, preciso crescer e encarar o mundo em sua totalidade. Respiro fundo, procuro pelo sol e me convenço de que as minhas pernas estão fortes suficientes para desbravar o mundo. Agora basta convencer o monstro para ele voltar a dormir.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Na Corrida

Enquanto corro de um lado para o outro, fico sem textos para colocar no blog. O pior é que tanta coisa aconteceu nos últimos dias, como o casamento temático (amei), o aumento na gasolina (odiei), o fim do Big Brother (aleluia), feira das noivas (me decepcionei), feira da Barbie (perdi), e outras cositas mais.

Então enquanto eu corro atrás de fotógrafo e sonorização, o Nirvana vai me embalando na direção e o livro A Besta Humana do Zola me acalma antes de pegar no sono (algo muito fácil nos últimos dias).

Vou me esforçar nessa semana para fazer as coisas renderem mais.