No primeiro CD da Pitty tem uma música que diz “Não deixe
nada pra depois, não deixe o tempo passar, não deixe nada para semana que vem,
pq semana que vem pode nem chegar”.
Conheci a Clarisse em 1998. Vaidosa, cabelos encaracolados,
uma profissional séria, mas nas horas de folga muito divertida. Mesmo quando a
vida não era muito fácil, ela respirava e não perdia a fé. Tinha medo
da minha bruxinha, xingava os rapazes quando falavam palavrão, mas entrava em
todas as nossas brincadeiras e adorava uma música. Convivemos por 2 anos na
mesma empresa, onde compartilhamos festas e conversas, ela foi tentar novos
caminhos, algo que fiz um ano depois. Durante um tempo trocamos e-mails e
depois perdemos contato.
Poucos anos atrás meu marido avisou que a Clarisse havia
voltado para a sua antiga empresa. Comentei com ele que uma hora ia tentar
marcar de vê-la, pois mesmo tendo se passado tantos anos, ainda tinha um
carinho imenso por ela. Queria saber como ela estava, o que fez, se realizará
algum sonho e quais os atuais.
Mas fui deixando, deixando, e coisas foram acontecendo. Era
um compromisso, trabalho, um fornecedor e eu nunca liguei nem fui lá. Estava
deixando para depois. No último final de semana, em uma conversa boba, me
lembrei dela e recebi uma notícia inesperada: ela havia morrido de câncer no
ano passado. Não fui avisada por estar vivendo um momento delicado.
Foi impossível não chorar. De questionar por que uma pessoa
tão querida levou tanta pancada da vida, que acabou indo cedo e por uma doença
maldita. Por que eu não liguei quando eu tinha tempo? Por que fui deixando para
semana que vem?
Ficou agora a saudade de uma conversa que nunca teremos e o
desejo de você ter encontrado paz e felicidade, do jeitinho que merecias.
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