quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Talheres e Time

Praça de alimentação do Shopping Iguatemi. Aproveitei que estava de férias para realizar as compras de natal, o que nos possibilitou almoçar um pouco mais cedo do que a grande maioria.

Enquanto aguardávamos os nossos pedidos, um casal de idosos sentou-se à mesa ao lado. Ambos com o cabelo pintado. Ele de camisa, casaco, calça social e sapato. Ela de vestido e com jóias. Muito bonitos e arrumados.

Mas o que nos deixou literalmente de boca aberta foi o momento em que ele resolveu retirar a bandeja usada que se encontrava na mesa escolhida. O fato de coloca-la em outra mesa não causou estranhamento, mas sim de pegar os talheres que estavam na mesma e colocar na sacola de supermercado que eles carregavam.

Um pequeno furto, já que o cargo e faca não devem custar dois reais se vendidos de forma avulsa, mas o ato em si foi muito chocante. Fiquei pensando o que faz as pessoas se exporem assim. E se um segurança visse? Eles não se importam com a possibilidade de alguém da limpeza ser acusado pelo sumiço dos talheres de um restaurante? Ou o sentimento de impunidade é tão forte que tanto faz tanto fez?

Isso me fez refletir que quase todos são corruptíveis quando estão em uma situação que a oportunidade aparece. Qual a diferença entre um político que desvia o dinheiro da saúde para benefícios pessoais e o casal de velhinhos que roubou um par de talheres com cabo azul? Nenhuma. Ambos furtaram sem acreditar em nenhuma forma de punição.

Neste momento senti um desanimo, pois como acreditar em um país mais justo quando as pessoas são desonestas nas pequenas coisas, jogam lixo na rua, fazem mais protesto por um cachorro abandonado do que por uma criança largada dentro de um saco de lixo?

Então a revista Time elege como personalidade do ano os protestantes. E fiquei pensando se esses poucos que se reúnem podem fazer a diferença? Será que nos quatro cantos do mundo existe esperança de se fazer algo melhor? Espero sinceramente que sim.

Um comentário:

  1. Oi Andrea!
    Acho que sou tão neurótica quanto você e a razão disso... é não concordar com tudo que acontece ao nosso redor.
    Tomo antidepressivo e outro dia lendo uma matéria sobre isso, estava escrito nós temos que tomar remédios para nos acalmar porque não nos conformamos com as coisas que acontecem ao nosso redor e as pessoas que nos deixam revoltadas curtem a vida e agem como se o mundo fosse só delas.
    Também me revolto com essas coisas, mas sempre digo para meu marido e meus filhos, continuemos fazendo a nossa parte, é pouco, mas é nosso único consolo.
    Mas confesso que as vezes perco a esperança num mundo melhor, faço minha parte, peço a Deus, mas tem vezes que o desânimo domina.
    Tomara que estejamos enganadas e que a próxima geração tenha consciência, mas acho difícil.

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