sexta-feira, 1 de novembro de 2013

E a louça que é bom, nada



Nojo, nojo, nojo! Ela estava tapada de nojo. Era quase possível ver a fumaça que saía pelas suas orelhas. Ao mesmo tempo em que se parabenizava mentalmente por ter controlado a língua e ter dado uma resposta mais simples, onde apenas os inteligentes entenderiam, por outro achava um desaforo tremendo.

Batia os dedos e ria de forma debochada. Dizer como ela deveria se comportar era fácil, mas ninguém se oferecia para lavar a louça da tua casa. Aliás, não se ofereciam para nada, só ligavam para pedir, pedir, pedir.

Egoístas que viviam na volta do próprio umbigo. Vermes que se alimentavam da carne alheia, mas precisavam de ajuda para ir de um lado ao outro do corpo. Mesquinhos que tentavam tirar até centavos acreditando que levariam tudo ao túmulo como os antigos egípcios. Invejosos que se agarravam a antigas crendices por não controlar o brilho de angústia ao ver a felicidade alheia.

Ok, ela precisava se acalmar. Lembrou-se de respirar profundamente, afinal, via as criaturas uma vez na vida e outra na morte. Não, definitivamente eles não mereciam que desperdiçasse tanta energia. Só precisava ter em mente para nunca encontra-los na TPM, pois o risco de chama-los de filhos da puta era grande.

Abriu a boca e gritou. Sua mãe se assustou. O irmão caiu da cama. O que havia de errado? Nada. Agora não havia mais nada. Raiva extravasada, coração leve, língua controlada. Hora de levantar para um novo dia.

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