terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Sniper Americano



Existem três tipos de pessoas: os cordeiros, os lobos e os cães pastores.
Os cordeiros são os gentis, que produzem e só machucam o outro por acidente.
Os lobos se alimentam das ovelhas.
E os cães pastores protegem as ovelhas.

Chris Kyle e seu irmão escutaram isso ainda pequenos, quando seu pai afirmou que gostaria de ter cães pastores em casa, e não ovelhas ou lobos. A lembrança se encaixa perfeitamente com a sua primeira missão no Iraque, quando ele precisa decidir sobre a vida ou morte de uma mulher e uma criança prontas a atacarem um comboio de soldados americanos.

Snipper americano conta a história do mais mortal dos atiradores americanos, ao SEAL conhecido como lenda são atribuídas mais de duzentas mortes durante a guerra do Iraque. Por alguns dos combatentes salvos por sua mira é considerado um herói.  

E neste ponto discordo de um crítico especializado de cinema. Snipper americano não é um filme sobre patriotismo (como Independence Day), ele é psicologia pura. 

O rapaz bobo que abandona o sonho de ser cowboy para servir a pátria aos trinta anos, que se apaixona ao conhecer uma moça que detesta seal's e viaja para a primeira missão logo após a lua-de-mel passa por diversos conflitos e cobranças.

Da aflição e tristeza ao matar os que são intitulados frágeis, a frieza ao se acostumar com os números, e o desespero ao ver uma decisão tomada de cabeça quente gerar várias mortes. É possível ver na interpretação de Bradley Cooper a perda da inocência, o ego inflado, a divisão entre crença e família, a desistência e a alegria.

Em casa, sua mulher cobra por um marido atencioso e um pai para os seus filhos. Ironicamente, é quando ele consegue se estabelecer em casa que a morte bate a sua porta na figura de um colega de guerra. E isso não é spoiler, a menos que você seja como eu e não tenha lido absolutamente nada sobre o filme ou sobre o livro em que ele é baseado.

Como ponto negativo está o uso de bonecos como bebês. Entendo que os diálogos fortes realmente não deveriam ter a presença de uma criança, mas o ideal seria o diretor ter optado por não tê-los em cena, pois eles tiram toda a força do momento, já que nenhum nenê fica tão imóvel ao chorar.

Assisti ao filme por acaso e realmente gostei. Curti tanto que assistiria tranquilamente uma segunda parte, caso quisessem fazer o lado do atirador sírio, cuja história de ser um medalhista olímpico desperta ainda mais a curiosidade, já que o filme não é sobre mocinhos e bandidos, mas sobre homens que se julgam cães pastores.

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