sábado, 4 de maio de 2013

O comunicado



Carlos estava sentado na lanchonete, olhando com certo desespero para a porta, resolveu que não agüentava mais as cenas de ciúmes de Aline. Além disso, ela lhe tomava mais tempo do que desejava, não tinha mais a mesma liberdade de sair com os amigos, havia uma cobrança familiar para um compromisso mais sério e ele ainda era muito novo, estava com 30 anos, praticamente um adolescente. Como que acompanhando o seu pensamento Aline entrou na lanchonete, mas estranhamente sem o seu sorriso costumeiro.

            - Oi Carlos – sussurrou sem se aproximar para beijá-lo.
            - Oi Aline, sente-se.
            - Hum... formalidade?! O que houve?
            - Tenho algo importante a lhe falar.
            - Curioso, eu também.
           
            Por um momento os dois ficaram apenas se olhando, como se um espera-se pelo outro.

            - Primeiro as damas.
            - Recebi um convite hoje...
            - Que tipo de convite?
            - Do tipo irrecusável.
            - Isso quer dizer que você já aceitou.
            - Sim.
            - E o que isso significa?
            - Significa que em três meses estarei morando em Londres, realizando a minha pesquisa.
            - Parabéns, este era o seu grande sonho meu amor! Quando vamos?
            - Eu vou, você fica. Acredito que você não tenha estrutura e maturidade para conviver comigo durante os próximos quatro anos, ou quem sabe até a vida inteira – dando uma pausa para respirar Aline olhou diretamente nos olhos de Carlos – Estou terminando o nosso relacionamento.
            - Mas co-como? Nós temos tantos planos, você sempre diz que me ama, como é que agora você me abandona assim?! Como vou viver sem você?
            - Você vai viver bem... sempre disse que o meu ciúme te sufocava, reclamava do pouco tempo com os teus amigos, que era jovem demais para ficar preso a uma única mulher... pois bem, com este convite ambos realizaremos nossos sonhos: eu irei para a Europa realizar o meu doutorado e você poderá jogar bola todos os dias assim como comer uma mulher diferente em cada um.
            - Aline, que palavreado, isso não é jeito de resolver nossa situação.
            - Nossa situação já está resolvida, vou te deixar sozinho para pensar e depois você vai lá em casa pegar as suas coisas. Mas tenho certeza que você irá entender e terminaremos como amigos.

            Como em um reflexo de suas palavras, Aline levantou e foi embora. E agora, pensou Carlos, o que será da minha vida sem Aline, a única mulher que já amei? A mulher que escolhi para ser a mãe dos meus filhos? Com lágrimas nos olhos Carlos terminou de comer seu sanduíche enquanto observava de forma deprimente os casais de namorados que o rodeavam.

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