Carlos estava sentado na lanchonete, olhando com certo desespero
para a porta, resolveu que não agüentava mais as cenas de ciúmes de Aline. Além
disso, ela lhe tomava mais tempo do que desejava, não tinha mais a mesma
liberdade de sair com os amigos, havia uma cobrança familiar para um
compromisso mais sério e ele ainda era muito novo, estava com 30 anos, praticamente
um adolescente. Como que acompanhando o seu pensamento Aline entrou na
lanchonete, mas estranhamente sem o seu sorriso costumeiro.
- Oi Carlos
– sussurrou sem se aproximar para beijá-lo.
- Oi Aline,
sente-se.
- Hum...
formalidade?! O que houve?
- Tenho
algo importante a lhe falar.
- Curioso,
eu também.
Por um
momento os dois ficaram apenas se olhando, como se um espera-se pelo outro.
- Primeiro
as damas.
- Recebi um
convite hoje...
- Que tipo
de convite?
- Do tipo
irrecusável.
- Isso quer
dizer que você já aceitou.
- Sim.
- E o que
isso significa?
- Significa
que em três meses estarei morando em Londres, realizando a minha pesquisa.
- Parabéns,
este era o seu grande sonho meu amor! Quando vamos?
- Eu vou,
você fica. Acredito que você não tenha estrutura e maturidade para conviver
comigo durante os próximos quatro anos, ou quem sabe até a vida inteira – dando
uma pausa para respirar Aline olhou diretamente nos olhos de Carlos – Estou
terminando o nosso relacionamento.
- Mas co-como?
Nós temos tantos planos, você sempre diz que me ama, como é que agora você me
abandona assim?! Como vou viver sem você?
- Você vai
viver bem... sempre disse que o meu ciúme te sufocava, reclamava do pouco tempo
com os teus amigos, que era jovem demais para ficar preso a uma única mulher...
pois bem, com este convite ambos realizaremos nossos sonhos: eu irei para a
Europa realizar o meu doutorado e você poderá jogar bola todos os dias assim
como comer uma mulher diferente em cada um.
- Aline,
que palavreado, isso não é jeito de resolver nossa situação.
- Nossa
situação já está resolvida, vou te deixar sozinho para pensar e depois você vai
lá em casa pegar as suas coisas. Mas tenho certeza que você irá entender e terminaremos
como amigos.
Como em um reflexo
de suas palavras, Aline levantou e foi embora. E agora, pensou Carlos, o que
será da minha vida sem Aline, a única mulher que já amei? A mulher que escolhi
para ser a mãe dos meus filhos? Com lágrimas nos olhos Carlos terminou de comer
seu sanduíche enquanto observava de forma deprimente os casais de namorados que
o rodeavam.
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